Há anos que a cidade de Taubaté adota um padrão
de obras públicas que não acompanha as inovações da engenharia moderna e foge
completamente dos estilos culturais e das formas harmônicas do passado. Nossas
escolas e creches são construídas com blocos que ficam à vista e chão de
cimento batido; praças com bancos sem encosto pintados com cal, um playground,
algumas mudas de árvores plantadas e não cuidadas com o devido carinho por
funcionários da prefeitura. Os postos de atendimento médico seguem o mesmo
padrão barato e feio, sem uma sala de espera aconchegante, bancos de cimento ou
madeira, iluminação precária. As quadras poliesportivas parecem mais um
barracão para encontro de atletas amadores, com vestiários pequenos, quadros de
energia insuficientes para cargas maiores, falta de almoxarifado e secretaria
para reuniões. Tanto é verdade que o time de vôlei de Taubaté está jogando e
treinando no clube Abaeté. No ano de 2011 visitei algumas casas construídas pela
prefeitura no Parque Ipanema e fiquei assustado com a péssima qualidade das
obras. É difícil acreditar que estamos vivendo em um novo milênio, se as
construções de obras públicas pararam no tempo, no espaço, na criatividade e na
segurança. E por falar em segurança, dificilmente um motorista acessa uma
rotatória em Taubaté sem pensar duas vezes se tem a preferência ou não. Só
conseguirá fazer o retorno se passar por cima de uma calçada que faz parte da
mesma, pois o espaço é pequeno e inseguro. Quem projetou as rotatórias nas
avenidas de Taubaté deve ter feito as medidas nos pés, encostando um no outro e
contando o resultado final para ser colocado no projeto. Se duas pessoas
diferentes fizeram as medidas, uma com calçado 38 e outra 42, não tem como
acertar uma. Muitos dos serviços são realizados por empresas terceirizadas e a impressão
que se tem é de que não há compromisso com a qualidade e segurança.
Antigamente, quando as obras eram realizadas por servidores públicos
municipais, o cuidado com a qualidade era bem maior e não havia tanto
desperdício. A construtora responsável pela entrega dos serviços de asfalto do
Residencial Portal Mantiqueira, que foram aceitos pela administração pública
municipal, deve ter vergonha e medo de passar pelas vias do local, tamanho a
quantidade de buracos, verdadeiras crateras que prejudicam os automóveis,
incomodam e causam indignação nos moradores. Quando o pronto-socorro localizado
no CECAP II foi entregue à população em período eleitoral (2008), era visível a
utilização de materiais de segunda ou quinta categoria. Visite o local e
confira se estou falando mentira. E a revitalização das Praças Dom Epaminondas
e Santa Terezinha? Na Praça Santa Terezinha parece que trocaram seis por meia
dúzia. As fotos antigas da Praça Dom Epaminondas mostram que realmente existiu
uma praça no local. Hoje parece mais uma área de passagem de pedestres
apressados em voltar para casa. Praças com formas harmoniosas e artísticas;
escolas, creches e postos médicos com piso frio, azulejos, pintura clara;
quadras poliesportivas com boa iluminação e toda estrutura necessária para receber
eventos; rotatórias bem sinalizadas e com espaço suficiente para os motoristas
são serviços básicos que a população pede. Obras públicas são feitas com o
dinheiro dos nossos impostos. Não sou contra a construção de novas benfeitorias
para a população, mas precisamos exigir o mínimo de viabilidade, qualidade e
conforto, caso contrário, estaremos jogando dinheiro público no lixo. Se a
ideia é ser prático e econômico em um projeto de nova benfeitoria pública, “que
seja eterno enquanto dure”, como escreveu Vinícius de Moraes em seu Soneto de
Fidelidade ou como canta Netinho: “...Que dure para sempre. Que venha abençoado
por Deus. Que seja diferente”. Obras públicas fazem parte do patrimônio
municipal, pertencem ao povo que pagou pelo serviço e tem livre acesso às
dependências, dentro de uma ordem e civilidade. Mudanças são necessárias e
sobrevive quem se adapta às novas mudanças, pois como diz um ditado popular
bastante empregado nos dias de hoje: a fila anda.
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